Morre Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos brasileiros, aos 81 anos
Mestre da fotografia documental e ambiental, Sebastião Salgado faleceu em Paris, na França, por problemas decorrentes de uma malária pelo qual foi acometido nos anos 1990
Publicado: 23/05/2025 às 12:27

O fotógrafo Sebastião Salgado (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Morreu nesta sexta-feira (23) Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos brasileiros, aos 81 anos. Ele enfrentava as consequências de uma malária pelo qual foi acometido nos anos 1990.
Salgado morava em Paris, na França, e era natural de Aimorés, Minas Gerais. Antes de se tornar fotógrafo, ele se formou em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) em 1967.
Na mesma área, ele obteve mestrado pela Universidade de São Paulo (USP),em 1968, e doutorado pela Universidade de Paris, em 1971. Seu interesse pela fotografia surgiu do desejo de documentar as frequentes viagens para o continente africano durante o trabalho na Organização Internacional do Café, em Londres. Em 1974, ele já trabalhava como fotojornalista freelancer para a agência Sygma, em Paris.
No final dos anos 1970, Salgado também teve passagens pela Gamma e pela Magnum, cooperativa internacional de fotografia fundada em 1947 por Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, George Rodger e Chim (David Seymour).
A carreira do fotógrafo é marcada pela produção de diversas séries documentais, a exemplo de Sahel: L'homme en détresse (1986), Other Americas (1986), An Uncertain Grace (1990) e Workers (1993), uma investigação mundial sobre a crescente obsolescência do trabalho manual. Salgado recebeu diversas homenagens por seu trabalho, entre elas o Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanitária, dois Prêmios ICP Infinity de Jornalismo, o Prêmio Erna e Victor Hasselblad e o prêmio de melhor livro de fotografia do ano do Festival Internacional de Arles por Workers.
Ambientalismo
Mestre da fotografia documental e ambiental, Salgado registrou, em seus primeiros trabalhos, as injustiças sociais enfrentadas por populações marginalizadas, refletindo sobre a realidade de trabalhadores rurais, refugiados, povos originários e territórios em risco. Sempre insistindo em apresentar seu trabalho a partir de séries documentais, o artista também teve a carreira marcada por uma abordagem voltada para a natureza.
Com seu estilo marcado pelos contrastes dramáticos entre o preto e o branco, direcionou fotografia para a preservação e a beleza do planeta. Em sua vida, o interesse estético se refletiu e foi refletido pela luta ambiental com a qual se manteve engajado.
Em 1998, Salgado e sua esposa, Lélia Wanick, decidiram reflorestar uma área de 600 hectares em uma antiga fazenda da família em Minas Gerais. Juntos, eles plantaram mais de 2,5 milhões de mudas nativas da Mata Atlântica, constituindo a primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em recuperação no Brasil.
Exposição
No Recife, a Caixa Cultural, localizada no Bairro do Recife, está com uma exposição temporária do artista aberta ao público até o dia 29 de junho. Em "Gold - Mina de Ouro Serra Pelada", Salgado revela o cotidiano do maior garimpo a céu aberto do mundo.
A mostra pode ser visitada de terça a sábado, das 10h às 20h, bem como aos domingos e feriados, das 10h às 18h (última entrada 15 min antes de fechar). A entrada é gratuita.

