Metrô do Recife: governos federal e estadual fecham acordo para repasse de R$ 4 bilhões
Valor será repassado ao longo de cinco anos depois da privatização do sistema
Publicado: 16/12/2025 às 18:28
Metrô do recife recebe R$ 4 bilhões do governo federal e passará a ser do governo do estado (Foto: Nivaldo Fran)
Os governos federal e de Pernambuco fecharam, nesta terça-feira (16), um acordo de cooperação técnica para a a transferência da gestão do Metrô do Recife ao Estado, que deve acontecer ainda este mês, com posterior concessão da operação à iniciativa privada. O acordo prevê o repasse de R$ 4 bilhões da União para a operação nos cinco primeiros anos após a assinatura do contrato de concessão, que terá duração estimada de 30 anos.
Durante a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a governadora Raquel Lyra - e que teve ainda a participação do prefeito do Recife, João Campos - foi anunciado o repasse de R$ 57 milhões do governo federal a Pernambuco até dezembo de 2026 para que sejam realizadas as intervenções necessárias à melhoria do sistema, começando pela reestruturação das estações.
Outros R$ 130 milhões serão transferidos no início de 2026. Também há previsão de recursos para que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) adquira 11 trens novos e usados, em melhores condições do que os atualmente em operação.
“Hoje, a gente anuncia o entendimento onde, após o estudo do BNDS, que analisou os termos e as adequações pra modernizar o sistema, para torná-lo eficiente, moderno e para que a gente, conjuntamente, possa fazer a licitação”, afirmou o ministro Rui Costa.
A estratégia consta em estudos elaborados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde 2022 e foi anunciada por Rui Costa, durante evento no Palácio do Planalto. Até fevereiro de 2026, o projeto passará por consulta e audiência pública. Em seguida, até julho de 2026, ocorrerá a análise pelos tribunais de contas da União (TCU) e de Pernambuco (TCE-PE). A licitação da concessão está prevista para ocorrer até dezembro de 2026, com a assinatura do contrato e a conclusão do processo de estadualização até março de 2027.
“Uma estrutura assim como está ocorrendo em vários estados brasileiros de uma PPP (parceria público privada) para assumir o sistema do metrô de Pernambuco. E hoje, portanto, a gente anuncia essa cooperação. A responsabilidade do investimento e pelo aporte inicial para requalificar, modernizar o sistema do metrô ocorrerá por conta da responsabilidade do governo federal da união”, complementou o ministro.
O desenvolvimento dos estudos para a requalificação do metrô prevê a escuta pública da sociedade, importante para conhecer e indicar sugestões ao projeto. O governo federal afirmou que não haverá aumento de tarifa e que os empregos dos trabalhadores da CBTU, em Pernambuco, serão preservados.
“O governo federal não faltará com a palavra dada ao Estado de Pernambuco. O que estamos fazendo aqui é reafirmar ao povo pernambucano o nosso compromisso de melhorar o transporte urbano e garantir o direito de ir e vir das pessoas", afirmou o presidente Lula.
“Essa ação fortalece o nosso trabalho com a melhoria do transporte público, a qualidade do serviço oferecido à população e projeta um futuro mais eficiente para os pernambucanos”, ressaltou a governadora Raquel Lyra.
Metrô acumula problemas
O Metrô do Recife tem enfrentado uma série de problemas operacionais nos últimos meses, incluindo greves, paralisações técnicas e falhas estruturais recorrentes, que vêm impactando diretamente mais de 160 mil passageiros por dia.
No início de novembro, o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) deflagrou uma greve por tempo indeterminado, após assembleia realizada no dia 30 de outubro, motivada por um incêndio em um trem da Linha Centro no dia 25 de outubro, que interditou o ramal Camaragibe por cinco dias consecutivos.
A mobilização manteve todas as 36 estações do sistema fechadas por pelo menos três dias. Durante a greve, cerca de 170 mil usuários ficaram sem metrô, forçando muitos a recorrer a ônibus e serviços por aplicativo, em meio a reclamações pelo sucateamento e pela falta de investimentos no sistema.
Além dessa paralisação, trabalhadores já haviam realizado protestos anteriores, como uma paralisação de 24 horas em agosto de 2025, em que todas as estações ficaram fechadas em protesto contra a possível privatização do sistema e em cobrança do cumprimento de promessas governamentais.
Em paralelo aos protestos, o sistema tem registrado uma série de falhas técnicas que resultaram em paralisações temporárias. No dia 27 de novembro, a Linha Centro foi fechada por problemas na rede elétrica de tração, com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) relatando investigação do incidente e sem previsão imediata de retorno (a operação interrompeu a circulação de trens).
Já no dia 25 de outubro um trem da Linha Centro pegou fogo entre as estações Curado e Alto do Céu, forçando a evacuação dos passageiros e a interrupção do ramal Camaragibe por vários dias.
Ao longo do ano diversas falhas elétricas e técnicas interromperam trechos do sistema em diferentes datas, incluindo paralisações no ramal Camaragibe por defeito elétrico em junho e outras panes que levaram à interrupção no tráfego de trens.
Além de falhas e greves, o metrô também deixou de operar aos domingos desde 2024 como parte de uma estratégia para liberar janelas maiores de manutenção.