Entenda como será o novo sistema de bicicletas compartilhadas previsto para o Recife
Iniciativa prevê 1.200 bicicletas, sendo 960 convencionais e 240 elétricas
Publicado: 29/09/2025 às 20:28

O contrato terá duração de dez anos para forenecer bikes compartilhadas para recifenses (Foto: Marina Torres/DP Foto)
O Recife já lançou o processo de licitação para concessão do novo Sistema de Bicicletas Compartilhadas da cidade que prevê a implantação, operação e manutenção de uma rede com 1.200 bicicletas, sendo 960 convencionais e 240 elétricas, distribuídas em 120 estações espalhadas pelas quatro regiões da capital.
O contrato terá duração de dez anos e será firmado com a empresa ou consórcio que oferecer o maior valor de outorga fixa ao município.
De acordo com o edital, cada estação terá no mínimo oito bicicletas disponíveis e poderá chegar a 16, sempre com 20% a mais de pontos de engate para garantir rotatividade. Os pontos serão instalados em áreas com infraestrutura cicloviária, regiões densamente povoadas, espaços públicos de grande circulação, polos turísticos, parques e proximidades de estações de metrô e terminais de ônibus. Também foram definidos critérios de segurança, entre eles a proibição da instalação das estações em faixas de rolamento de vias, diante de acessos de emergência ou em locais que prejudiquem a acessibilidade e a visibilidade do tráfego.
As bicicletas convencionais terão quadro ergonômico, câmbio de pelo menos três marchas, assento anatômico regulável, sinalização noturna, espelho retrovisor, paralamas e pneus certificados pelo Inmetro. Já as elétricas, que representarão 20% da frota, contarão com pedal assistido, motor auxiliar de até 1.000 W, limite de velocidade de 20 km/h e dispositivo de controle eletrônico.
Todas as bicicletas serão equipadas com GPS, permitindo rastreamento em tempo real e integração com a plataforma digital de gestão.
O sistema contará com aplicativo e website para cadastro, reserva e desbloqueio dos equipamentos por QR Code ou PIN, além de mapas interativos com disponibilidade em tempo real e opção de pagamento digital. Haverá ainda integração com a plataforma Conecta Recife. O funcionamento será diário, com retirada de bicicletas das 5h às 23h e devolução disponível 24 horas. A concessionária também ficará responsável pela redistribuição da frota entre estações, garantindo equilíbrio na oferta .
O edital exige que ao menos quatro ações educativas sejam realizadas por ano, voltadas para motoristas, ciclistas e pedestres, com campanhas de conscientização sobre segurança e respeito no trânsito.
Na visão do coordenador da Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo), Daniel Valença, o serviço deve ser integrado ao sistema público da capital.
“Esse sistema tem essa serventia, e para cumpri-la ele precisa estar bem integrado ao transporte coletivo, com pontos próximos às estações e terminais, além de distribuição para outros locais, ajudando a desafogar o trânsito e oferecendo alternativas para as pessoas chegarem a esse modo de transporte. Se essa é a função desse tipo de sistema, que serve como transporte coletivo público, ele deveria ser mais uma forma de atrair as pessoas”, pontua.
Investimento
A previsão é que a concessionária invista R$ 22,1 milhões em instalações, equipamentos e tecnologia (CAPEX) e arque com custos operacionais de R$ 64,6 milhões ao longo do contrato (OPEX). Em contrapartida, a expectativa é de receita bruta de R$ 125,9 milhões no período, provenientes principalmente da venda de passes, publicidade e patrocínios.
Os planos de uso terão valores máximos de R$ 9,75 (diário), R$ 32,45 (mensal) e R$ 224,95 (anual) para bicicletas convencionais. Para as elétricas, haverá acréscimo de 25%, resultando em tarifas de até R$ 12,19 (diário), R$ 40,56 (mensal) e R$ 281,19 (anual). Aos domingos e feriados, o tempo de uso por viagem será ampliado para 120 minutos.
O cronograma prevê que no primeiro ano de funcionamento sejam instaladas 55 estações e disponibilizadas 770 bicicletas (440 convencionais e 110 elétricas). No segundo ano, mais 65 estações serão implantadas, com 430 novas bicicletas, completando a frota total de 1.200 unidades.
"Para esse tipo de sistema, acredito que cabe dizer que é suficiente a quantidade de bicicletas disponibilizadas e as quantidades de estações", destaca Daniel, acrescentando que o sistema deve ser complementar ao transpor público que atende a capital.
A empresa vencedora deverá constituir uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), apresentar garantias financeiras de execução no valor de R$ 6,1 milhões e comprovar experiência prévia em sistemas semelhantes, com no mínimo 600 bicicletas e 60 estações em operação. O contrato prevê ainda um sistema de avaliação semestral de desempenho, que medirá infraestrutura, qualidade do serviço e experiência dos usuários.
Caso as metas não sejam atingidas, haverá penalidades financeiras. Ao final da concessão, todos os equipamentos revertidos ao município.
Projeto menos ambicioso
Em dezembro de 2024, a Prefeitura do Recife realizou uma audiência pública virtual para apresentar e discutir com os interessados a proposta de concessão do novo Sistema de Bicicletas Compartilhadas da cidade.
Na época, o valor estimado do contrato era de R$ 346 milhões, com duração de 20 anos. O cronograma projetado incluía a consulta pública entre novembro e dezembro de 2024, ajustes no escopo em janeiro de 2025, análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) de janeiro a abril, lançamento do edital em maio e assinatura do contrato em agosto do mesmo ano.
A proposta prometia avanços significativos em relação ao atual Bike PE, trazendo um número maior de bicicletas e, pela primeira vez, a inclusão de modelos elétricos, já comuns em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.
Estavam previstas 1.600 bicicletas convencionais, 400 elétricas e 50 infantis, distribuídas em 205 estações espalhadas pela capital.

