Colégio Americano Batista é ocupado por movimento social
O Movimento Moradia Digna reivindica o direito à moradia e exige diálogo com o governo do estado, que desapropriou o imóvel em 2023
Publicado: 04/08/2025 às 17:15

Ocupação no Colégio Americano Batista (Francisco Silva/DP)
Cerca de 200 pessoas do Movimento Moradia Digna ocuparam na manhã desta segunda-feira (4) o prédio público do Colégio Americano Batista, na área central do Recife. Segundo os organizadores, o número de ocupantes pode chegar a 500 nos próximos dias. As aulas na área da instituição privada seguiu com suas aulas normalmente.
A maioria dos manifestantes é do município de Paulista, com integrantes também de Olinda e Jaboatão dos Guararapes. O grupo reivindica o direito à moradia e exige diálogo com o governo do estado, que desapropriou o imóvel em 2023 por R$ 80 milhões para abrigar um complexo da rede pública de ensino.
“Já estamos fazendo divisões das salas, para cada família saber onde vai ficar. Esse espaço está há muito tempo desocupado, enquanto o povo clama por moradia”, afirmou Pedro Salviano, representante do Movimento Moradia Digna. Ele relata que todos os ocupantes estão inscritos no Cadastro Único e aguardam resposta das autoridades. “Queremos negociar com a governadora. Só saímos daqui quando nossas pautas forem resolvidas”, declarou.
O terreno, desapropriado em fevereiro de 2023 por meio de decreto da governadora Raquel Lyra (PSDB), estava prestes a ser leiloado. Segundo o governo estadual, a área foi declarada de interesse público para a criação de um complexo escolar, com o objetivo de preservar a função educativa do espaço. Fundado em 1906 pelo missionário W. H. Canadá, o colégio ocupa uma área entre a Avenida Agamenon Magalhães e a Rua Dom Bosco, no bairro da Boa Vista.
Entre os ocupantes está Paulo Sérgio, morador de Paulista, que afirma estar há mais de seis anos cadastrado em programas de habitação. “Já participamos de reuniões em Olinda, Paulista e Jaboatão. Nunca tivemos retorno”, desabafa.
Com 81 anos, Noemi Roque também veio de Paulista. Ela relata uma longa espera por moradia e uma rotina de dificuldades. “Há mais de dez anos estou inscrita e nada. Vivo com um salário mínimo, pagando aluguel, passando fome. Meu filho está desempregado. Não temos para onde ir. Ou a gente paga aluguel, ou vai morar na rua.”
O movimento afirma que a ocupação é pacífica e que pretende permanecer no imóvel até que haja uma resposta concreta do governo estadual.
A equipe de reportagem do Diario de Pernambuco tentou o contato com o Governo de Pernambuco, mas ainda não houve pronunciamento sobre a ocupação.

