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INVERNO

Garanhuns registra menor temperatura desde 1991

A previsão para os próximos dias segue com noites e madrugadas frias, especialmente no interior, e pouca nebulosidade

Larissa Aguiar

Publicado: 18/07/2025 às 13:49

A 230 km da capital do Recife, a temperatura mínima em Garanhuns é de 16°C. Um dos pontos mais visitados no inverno é o Relógio das Flores. Foto: Juliana Leitão/DP/DA Press/

A 230 km da capital do Recife, a temperatura mínima em Garanhuns é de 16°C. Um dos pontos mais visitados no inverno é o Relógio das Flores. Foto: Juliana Leitão/DP/DA Press ()

As baixas temperaturas registradas nos últimos dias em Pernambuco têm surpreendido moradores e levantado questionamentos sobre as causas do frio atípico no Estado. Em Garanhuns, no Agreste, os termômetros marcaram 15,2°C no dia 16 de julho, a menor temperatura registrada no município desde 1991, registrados pela Apac. Já no Recife, a madrugada do dia 3 foi a mais fria do ano até agora, com sensação térmica ainda menor por conta da baixa umidade e da ausência de nuvens no céu.

De acordo com o meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Romilson Ferreira, esse comportamento está diretamente ligado à chegada do inverno no Hemisfério Sul e à influência de fatores locais. “Julho de 2025 está bem friozinho em Pernambuco. A gente já tá notando que, tanto no Agreste como no Sertão, temos temperaturas bem baixas, algumas vezes abaixo de 15 graus”, afirmou. Ele destacou que, além da altitude, a pouca nebulosidade tem contribuído para a queda dos termômetros durante a madrugada. “A gente deve continuar com essas temperaturas nos próximos dias. Não há previsão de chuva para o Sertão, e no Agreste só chuva fraca.”

A meteorologista Edivânia Santos, também da Apac, explica que o fenômeno não está relacionado a eventos como La Niña ou El Niño. “Atualmente estamos em uma condição de neutralidade no Oceano Pacífico, ou seja, sem influência direta de anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Pacífico Equatorial, que modulam a circulação atmosférica global”, detalha. Segundo ela, é o Oceano Atlântico, e não o Pacífico, o principal modulador das condições atmosféricas em Pernambuco neste momento.

O aquecimento das águas do Atlântico tropical, especialmente próximo à costa leste do Nordeste, tem favorecido a maior evaporação e umidade na atmosfera, contribuindo para a formação de nuvens e chuvas. Isso influencia diretamente as temperaturas, principalmente durante o dia, com menor incidência solar. Já à noite, a ausência de nebulosidade intensifica a perda de calor por radiação, gerando madrugadas ainda mais frias.

Além do inverno e da influência dos oceanos, a altitude de cidades como Garanhuns (situada a mais de 800 metros acima do nível do mar) contribui para os registros mais baixos no Estado. O Agreste e partes do Sertão pernambucano costumam apresentar as menores temperaturas durante os meses de junho, julho e agosto. “Essas regiões são naturalmente mais frias, sobretudo à noite. A altitude faz com que o ar se torne mais rarefeito, dificultando a retenção de calor após o pôr do sol”, complementa Edivânia.

Apesar da sensação de frio incomum para os padrões locais, os especialistas indicam que os valores ainda estão dentro das médias históricas para o período, embora representem extremos dentro dessa faixa. “Não há, até o momento, um indicativo de mudança estrutural no clima. As temperaturas estão variando de acordo com o esperado para o inverno, mas com destaques pontuais, como esse recorde em Garanhuns”, esclarece Romilson.

A previsão para os próximos dias segue com noites e madrugadas frias, especialmente no interior, e pouca nebulosidade. A tendência, segundo a Apac, é de manutenção do padrão atual de temperaturas. Os pernambucanos, portanto, devem manter os casacos à mão ao menos até o fim de julho.

 

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