° / °

Repense Reuse: projeto transforma roupas descartadas em inclusão social

Desde que chegou ao Recife, o projeto já arrecadou 8 toneladas de roupas desde março de 2025 no Recife

Por Larissa Aguiar

Projeto iniciou em março em Pernambuco

O que fazer com aquela pilha de roupas, sapatos e acessórios que já não têm mais uso, mas ainda estão em bom estado? Até pouco tempo atrás, a resposta comum era o descarte em lixo comum. Mas uma iniciativa vem ressignificando essa prática e construindo um modelo inovador de economia circular. Trata-se do projeto Repense Reuse, da organização Humana Brasil, que hoje integra um movimento global com impacto ambiental e social direto.

Criado para combater o desperdício e fomentar a reutilização de roupas no país, o Repense Reuse está em operação no Brasil desde 2021. Em apenas quatro anos, o projeto estruturou 414 pontos de coleta nos estados da Bahia, Sergipe, Distrito Federal e, mais recentemente, Pernambuco, onde acaba de inaugurar 66 contêineres de coleta na Região Metropolitana do Recife. Os contêineres estão localizados em EcoEstações, parques urbanos do Recife, centros de compras e terminais de ônibus.

Esses pontos estão estrategicamente posicionados em EcoEstações, parques urbanos, centros de compras e terminais de ônibus, facilitando o acesso da população e estimulando o hábito do descarte responsável. Em pouco tempo, a resposta do público pernambucano surpreendeu: mais de 8 toneladas de roupas foram arrecadadas desde março de 2025, mês de implantação do projeto na capital.

“O pernambucano tem no espírito a cultura da doação e da solidariedade. A aceitação do projeto superou nossas expectativas, mostrando que a reutilização de roupas está se consolidando como um ato de consciência ambiental”, afirma Claudia Andrade, executiva de Implementação de Projetos da Repense Reuse - Humana Brasil.

A expectativa da população e o futuro da moda circular em Pernambuco

O próximo passo da iniciativa em Pernambuco é a chegada da Loja Humana, uma unidade de comércio de roupas de segunda mão com curadoria sustentável. “Algumas pessoas já nos procuram querendo saber quando vamos inaugurar. Ainda estamos em fase de estruturação, mas esperamos anunciar novidades em breve”, revela Claudia Andrade.

Com a loja e o centro de triagem, o Recife poderá formar um ecossistema local de economia circular, no qual sustentabilidade, inclusão social e responsabilidade ambiental caminham juntas. Entre os resultados esperados estão a geração de empregos, a redução da pegada ecológica da moda, o engajamento comunitário e a criação de um novo hábito de consumo entre os pernambucanos.

Um dos objetivos é arrecadar 300 toneladas de têxteis no primeiro ano de operação no Recife. “Com isso, não só reduzimos emissões e desperdício de recursos como a água, como também financiamos novos projetos sociais, conectando a roupa que alguém deixou de usar à esperança de quem mais precisa”, destaca a organização da Repense Reuse.

Um gesto simples, um impacto duradouro

Segundo dados da ONU, a indústria da moda é responsável por cerca de 10% das emissões globais de carbono e 20% da poluição de água industrial. Além disso, o mundo gera 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, número que pode dobrar até 2030 se o ritmo atual de consumo se mantiver.

O projeto da Humana não apenas combate o desperdício: ele transforma resíduos em recursos, propondo um novo olhar sobre o consumo. As roupas doadas são levadas ao Centro de Armazenamento e Triagem da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife, onde passam por um processo cuidadoso de classificação, categorização e pequenos reparos.

A meta é alcançar 75% de reaproveitamento de todo o material arrecadado, evitando que as peças tenham como destino final os lixões e aterros.

Entre as ações previstas, estão cursos e oficinas de reaproveitamento têxtil, costura básica, logística reversa e gestão de resíduos, priorizando a inclusão de mulheres, jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade social.