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HISTÓRIA

Símbolo da passagem do Zeppelin, há 95 anos, está em mau estado

A Torre de Atracação no Parque do Jiquiá, a única no mundo ainda de pé, apresenta bastante oxidação e está sendo tomada pela vegetação. Prefeitura do Recife alega que concluiu processo licitatório para contratação de empresa para realizar sua requalificação

Carlos Lopes

Publicado: 22/05/2025 às 06:03

TORRE DE ATRACAÇÃO DO ZEPPELING/NIVALDO FRAN/DP

TORRE DE ATRACAÇÃO DO ZEPPELING (NIVALDO FRAN/DP)

No dia 22 de maio de 1930, o LZ-127 Graf Zeppelin chegava pela primeira vez ao Recife. Era o primeiro desembarque de um dirigível na América Latina. O símbolo desta época, em que a capital pernambucana era a terceira metrópole do país, é a Torre de Atracação do Zeppelin, localizada no Parque do Jiquiá, na zona oeste da cidade. Ela é a única no mundo que ainda está de pé e, desde 1983, passou a ser patrimônio tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.

A reportagem do Diario de Pernambuco foi até o Parque do Jiquiá para conferir como está a “idosa” de 95 anos, com tanta história para contar. Mas não a encontrou em bom estado. A sua estrutura apresenta bastante oxidação, com vegetação se espalhando pelas treliças superiores e por toda base.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura do Recife informou em nota oficial que “concluiu o processo licitatório para a contratação da empresa que ficará responsável pela elaboração do projeto executivo de requalificação do Parque do Jiquiá”.

De acordo com a PCR, a proposta do novo projeto “passará por escuta para que a população contribua com sugestões. Os serviços incluem a requalificação da Torre do Zepelin e dos paióis da Marinha, datados da Segunda Guerra Mundial. A expectativa é que o projeto fique pronto no próximo ano”.

Saiba um pouco mais sobre a história da Torre de Atracação e a passagem do Zeppelin pelo Recife em 1930.

A Torre

A torre de atracação foi construída em 1930, com recursos do governo do estado e da prefeitura do Recife, que na época era a terceira maior metrópole do país, e tornou-se a primeira estação aeronáutica de dirigíveis da América Latina. O local escolhido foi o antigo campo do Jiquiá, onde aconteciam jogos dos campeonatos suburbanos do Recife.

A torre de ferro e os tubos de gás foram importados da Alemanha. Inicialmente, ela tinha 16,5 metros de altura. Mas, em 1936, precisou ser trocada por uma de 19 metros, a fim de passar a receber o dirigível LZ-129 Hindenburg, que pesava mais de duas toneladas.

A chegada do Zeppelin

O LZ-127 Graf Zeppelin chegou no campo do Jiquiá perto das 18h do dia 22 de maio. O evento mobilizou o Recife. Uma arquibancada foi montada e ingressos cobrados para quem quisesse ver o dirigível.

Quem pagasse 5 mil réis poderia observar o dirigível a uma certa distância. O ingresso de 10 mil réis garantia o direito de se aproximar da aeronave de bem de perto. As visitas internas eram limitadas e dependiam de convite do comandante.

O Graf Zeppelin permaneceu no Recife até a madrugada do dia 24, quando seguiu rumo ao Rio de Janeiro. A primeira parada na capital federal durou pouco tempo, o necessário para abastecimento, e uma nova partida para sobrevoar São Paulo e Santos, retornando ao Recife.

No dia 26, ele deixou a capital pernambucana com destino aos Estados Unidos.

A partir do sucesso atingido com a primeira viagem, foi criada uma linha regular entre Friedrichshafen, na Alemanha, e o Recife até 1937. A capital pernambucana passava a ser parada obrigatória para diversos destinos do Zeppelin na América Latina.

Como surgiu

Criado pelo conde Ferdinand Von Zeppelin, o balão gigante com o motorpropulsor gerou fascínio no mundo nos primeiros anos do século 20. Mas, como outras grandes invenções, foi usado inicialmente para uso bélico.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Alemanha bombardeava os inimigos com os seus zeppelins. Após a derrota na guerra, os alemães ficaram proibidos de construir novos dirigíveis.

Somente a partir de 1926, o país retomou a produção, desta vez com o desenvolvimento do Graf Zepelin, destinado exclusivamente para voos comerciais.

O fim

A partir de 1933, com Adolf Hitler no poder da Alemanha, o Graf Zeppelin passou a ser usado para propaganda nazista, carregando em sua calda uma suástica. O LZ-129 Hindenburg foi criado, três anos depois, com este propósito.

Em 1937, em uma tentativa de pouso em Nova Jersey, nos Estados Unidos, o Hindenburg pegou fogo. O acidente pôs fim à era dos zeppelins.

 

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