Desafio do presidente é manter o fôlego até 2026
Para especialistas, o crescimento da aprovação de Lula nas pesquisas pode ser pontual se o governo não consolidar resultados econômicos e evitar deslizes
Publicado: 02/11/2025 às 22:00
Palácio do Planalto (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O desafio atual para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo os especialistas, é manter o fôlego da alta popularidade e bons índices de aprovação do governo até as eleições de 2026. Para internacionalista e cientista político Antônio Henrique Lucena, o crescimento recente pode ser pontual se o governo não consolidar resultados econômicos e não evitar deslizes em temas sensíveis.
“É cedo para dizer que essa aprovação será duradoura. O presidente tem uma tendência a se colocar em polêmicas, como quando disse que ‘traficantes são vítimas dos usuários’. Hoje, segurança pública, é uma das principais preocupações do povo brasileiro. Na medida que ele derrapa nisso, ou não atua de forma significativa, tem um impacto na popularidade”, alerta.
O cientista político e professor da ESPM, Paulo Ramirez, por sua vez, acredita que o governo adotará uma estratégia de “confronto simbólico” com o Congresso para manter a vantagem.
“Lula tenta transferir essa popularidade crescente que tem para as eleições do próximo ano. A tendência nesse final de mandato é o governo tentando lançar pautas muito sensíveis ao Congresso e a população, como transporte público gratuito e redução da jornada de trabalho, e obviamente que o Congresso não vai aprovar isso ou até mesmo vai engavetar. A articulação do governo tem feito isso porque já que não tem maioria, a estratégia é então jogar verdadeiros abacaxis para o Congresso para gerar uma visão negativa da opinião pública contra eles”, analisa.
A menos de um ano da disputa presidencial, o cenário segue em transformação, ainda com a oposição desarticulada e sem um nome consolidado, o governo tenta capitalizar o momento. Enquanto o presidente Lula aproveitou recente viagem à Ásia para oficializar que é candidato à reeleição, a direita não consegue se articular em um nome que substitua o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está em prisão domiciliar, foi condenado a mais de 27 anos de prisão e ainda está inelegível até 2030.
“A disputa eleitoral já começou. Hoje a direita tem muita desvantagem sem um nome fixado como candidato, existem mais dúvidas do que certezas. Faltando menos de ano para a eleição é muito tarde para conseguir compor um nome que alcance tanta popularidade. Bolsonaro foi eleito em 2018, mas desde 2014 ele dizia que seria candidato. A direita não tem isso até agora, então o Governo Lula surfa nessa onda positiva, com aumento da sua popularidade, e isso vai ter um reflexo para o ano que vem”, destaca Ramirez.