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Política
POLÍCIA FEDERAL

Presidente do União Brasil, Rueda está na mira da Operação Carbono Oculto

A informação teria sido repassada pelo piloto Mauro Mattosinho, que transportava a dupla de líderes, em depoimento à Polícia Federal, segundo publicou o site de jornalismo independente ICL com o UOL

Diario de Pernambuco

Publicado: 18/09/2025 às 22:20

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O presidente do União Brasil (UB), Antonio Rueda, estaria entre os verdadeiros donos de quatros dos 10 jatos executivos operados por uma empresa de táxi aéreo que estaria envolvida no transporte de líderes de um mega-esquema de lavagem de dinheiro que atendia à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A informação teria sido repassada pelo piloto Mauro Mattosinho, que transportava a dupla de líderes, em depoimento à Polícia Federal, segundo publicou o site de jornalismo independente ICL com o UOL.

“Havia um clima de ‘boom’ de crescimento na empresa. E isso foi justificado como sendo um grupo muito forte, encabeçado pelo Rueda, que vinha com muito dinheiro que precisava gastar. Então, a aquisição de várias aeronaves foi financiada”, disse Mattosinho na entrevista gravada em vídeo, segundo o site ICL. “A história que contei para vocês eu repeti para a Polícia Federal”, afirmou Mattosinho, na entrevista ao ICL Notícias. A reportagem teve acesso ao depoimento, prestado por ele há 17 dias no aeroporto Catarina, em São Roque (SP), antes de pedir demissão.

O piloto trabalhava na Taxi Aéreo Piracicaba (TAP) desde 2023 e saiu de lá há duas semanas, depois de transportar os parentes de Beto Louco (vulgo de Roberto Augusto Leme) para o Uruguai na véspera da mega-operação da PF, da Receita e do Ministério Público de SP, realizada no fim de agosto, que revelou um enorme esquema de lavagem de dinheiro que inclui o uso de fundos de investimento. O piloto afirma ter transportado ao menos 30 vezes Mohamad Hussein Mourad, mais conhecido como Primo, além de Beto Louco. Ambos são apontados como líderes do esquema que atendia ao PCC e estão foragidos da Justiça.

Segundo o ICL, o piloto, se dizendo "indignado pelo conteúdo das conversas que presenciou", procurou o site pela primeira vez em novembro do ano passado. "O ICL Notícias e o UOL apuraram que duas aeronaves atribuídas por Mattosinho a Rueda pertencem a fundos de investimentos que têm apenas um controlador, cujo nome não é divulgado" e que "uma terceira aeronave está em nome de uma empresa registrada na periferia de Imperatriz (MA)". Em entrevista, a única sócia da empresa disse desconhecer a firma e a aeronave. A TAP operava cinco aeronaves em 2023 e, neste ano, passou a operar dez, de acordo com Mattosinho.

Na entrevista em vídeo, Mauro Mattosinho reafirmou ter transportado em voo uma sacola de papelão que aparentava conter dinheiro vivo, na mesma data em que Beto Louco mencionou a outros passageiros que teria um encontro com o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, conforme revelou o ICL Notícias no dia 1º deste mês.

UB REPERCUTE
Em matéria publicada no site oficial do União Brasil na noite desta quinta (18), o partido replica uma informação do UOL que diz que Rueda “foi ao Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, colocar seus sigilos bancário e fiscal à disposição e apresentar comprovantes de que pagou pelos voos que fez na empresa de táxi aéreo”. O texto compartilha ainda que "Rueda também solicitou uma conversa com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Marques” e que “tratou a acusação como absurda e afirmou ter como provar que não há conexão entre ele e a empresa investigada". O União Brasil diz ainda que na manhã desta quinta, o UOL "divulgou uma reportagem em que Rueda é apresentado como dono de aviões" e que se trata de uma "matéria de uma única fonte". "Trata-se de um piloto, filiado ao Psol, que nunca esteve com Rueda e que ouviu a informação da boca de terceiros".

RESPOSTAS
A reportagem diz que as defesas de “Primo” informou que não irá se manifestar e a de “Beto Louco”, Celso Vilardi, não retornou os contatos. Em nota, a empresa informou “desconhecer qualquer declaração atribuída a funcionário sobre aquisição de aeronaves” e atuar “em observância à lei”. A empresa afirma que “não tinha conhecimento do envolvimento de investigados na Operação Carbono Oculto até sua deflagração”. “Por fim, não pode fornecer informações sobre clientes ou passageiros sem autorização destes ou por requisição das autoridades competentes”, acrescentou, em nota. (Da redação)

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