Moraes diz que impressão de plano de matar Lula não era para "fazer barquinho de papel"
Ministro Alexandre de Moraes também repudiou o fato de que as dependências do Palácio do Planalto foram utilizadas para imprimir o plano que atentaria contra a sua vida
Guilherme Anjos e Mareu Araújo
Publicado: 09/09/2025 às 13:44

Relator do caso, ministro Alexandre de Moraes é o primeiro a votar no julgamento do núcleo 1 da trama golpista no STF (Foto: Rosinei Coutinho/STF)
No julgamento do núcleo 1 da trama golpista, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que “não é crível” que o general Mário Fernandes imprimiu o plano Punhal Verde Amarelo e passou mais de uma hora no Palácio da Alvorada para falar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sem discutir com ele o documento que arquitetava o assassinato do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do próprio Moraes.
“Não é crível achar que Mário Fernandes imprimiu [o plano Punhal Verde e Amarelo] no Palácio do Planalto, se dirigiu ao Palácio da Alvorada, onde estava o presidente, ficou uma hora e seis minutos e fez barquinho de papel com a impressão”, ironizou o ministro. “Isso é ridicularizar a inteligência do tribunal”, completou.
Durante o seu voto, Moraes repudiou o fato de que as dependências do Palácio do Planalto foram utilizadas para imprimir o plano que atentaria contra a sua vida.
“Isso não foi impresso numa gruta, não foi impresso escondido numa sala de terroristas. Foi impresso no Palácio do Planalto, na sede do governo brasileiro, no mesmo momento em que lá se encontrava o presidente Jair Messias Bolsonaro”, afirmou.
A presença do ex-presidente Bolsonaro na Alvorada foi confirmada pela Polícia Federal. Além disso, a acusação aponta que a chegada e permanência de Mário Fernandes, assim como o intuito de sua passagem, consta nos registros do Palácio.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, o Punhal Verde e Amarelo fazia parte da operação Copa 2022, em referência à Copa do Mundo do Catar, que aconteceu em dezembro daquele ano, e seria a etapa mais violenta da tentativa de golpe de Estado.
Segundo Moraes, o planejamento estudava o estado de saúde de Lula e monitorava suas idas a hospitais. Os golpistas teriam cogitado “envenenamento ou uso de e remédio” para induzir o colapso orgânico do presidente.
O plano detalharia, ainda, as chances de êxito, os possíveis danos colaterais, o armamento a ser utilizado, e a análise da da segurança do ministro Alexandre de Moraes.
“Não é possível normalizar. O Brasil demorou para concretizar sua democracia. Nós tivemos 20 anos de ditadura, torturas, desrespeito à independência do poder judiciário, do legislativo. As pessoas sumiam, eram mortas. Não é possível banalizar esse retorno a momentos obscuros da história. E a prova é farta”, disse Moraes.

