Trump pressionará Netanyahu sobre plano de paz para Gaza
Donald Trump, receberá Benjamin Netanyahu nesta segunda-feira (29) na Casa Branca
Publicado: 29/09/2025 às 11:00

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Brendan SMIALOWSKI/AFP)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, receberá o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira (29) na Casa Branca para uma reunião crucial que pretende impulsionar um plano de paz em Gaza.
Trump afirma que está muito próximo de um acordo para acabar com a guerra em Gaza, libertar os reféns mantidos pelo Hamas e desarmar o movimento islamista palestino, após conversas com líderes árabes na semana passada.
"Temos uma oportunidade real de alcançar algo grandioso no Oriente Médio", publicou Trump no domingo em sua plataforma Truth Social. "Todos a bordo para algo especial pela primeira vez. Vamos conseguir!", escreveu em letras maiúsculas.
O plano de Trump de 21 pontos, segundo o jornal The Times of Israel e o portal Axios, propõe um cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns vivos ou mortos em 48 horas e uma retirada gradual das forças israelenses.
Em troca, Israel libertaria mais de 1.000 prisioneiros palestinos, incluindo alguns que foram condenados à prisão perpétua.
Netanyahu, no entanto, apresentou poucas razões para otimismo nos últimos dias.
O premiê israelense afirmou na sexta-feira, em um discurso desafiador na tribuna da Assembleia das Nações Unidas, que aceitar a criação de um Estado palestino seria um "suicídio nacional" para seu país e destacou que pretende "terminar o trabalho" em Gaza "o mais rápido possível".
O chefe de Governo israelense também parece relutante em interromper a ofensiva militar para tomar a Cidade de Gaza, de onde centenas de milhares de palestinos foram obrigados a fugir nas últimas semanas.
Esta será a quarta visita de Netanyahu à Casa Branca desde que Trump retornou ao poder em janeiro.
Trump foi um aliado ferrenho de Netanyahu até agora, mas recentemente demonstrou sinais de frustração diante de uma guerra que começou há quase dois anos.
O presidente americano advertiu Netanyahu na semana passada contra o plano de anexar a Cisjordânia, como pedem alguns membros do gabinete do primeiro-ministro israelense, e também criticou o recente ataque de Israel contra líderes do Hamas no Catar, um aliado importante dos Estados Unidos.
Os ataques na principal cidade de Gaza prosseguiram nesta segunda-feira.
Os dois líderes concederão uma entrevista coletiva às 13h15 (horário da costa leste dos Estados Unidos, 14h15 de Brasília).
"Muita pressão"
Trump demonstrou otimismo na semana passada sobre as perspectivas de um acordo após reuniões com líderes árabes à margem da Assembleia Geral da ONU.
O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair foi mencionado em alguns meios de comunicação como possível líder de uma autoridade transitória para Gaza, segundo as propostas dos Estados Unidos.
A entidade conhecida como "Autoridade Internacional de Transição de Gaza" funcionaria com o apoio da ONU e de países do Golfo, antes de eventualmente entregar o controle a uma Autoridade Palestina reformada.
Netanyahu reiterou no domingo seu ceticismo sobre a possibilidade de reforma da Autoridade Palestina.
"Acredito que a credibilidade ou a probabilidade de (...) uma Autoridade Palestina reformada que mude completamente suas diretrizes, que aceite um Estado judeu, que ensine seus filhos a abraçar a coexistência e a amizade com o Estado judeu, ao invés de viver para aniquilá-lo (...) bem, boa sorte", declarou ao canal Fox News.
Cautela em Gaza
Em Gaza, a população expressa uma mistura de esperança, exaustão e desconfiança antes da reunião na Casa Branca.
"Não espero nada de Trump, porque Trump apoia Netanyahu na destruição da Faixa de Gaza e no deslocamento de pessoas para concretizar o projeto Riviera", disse Mohammed Abu Rabee, 34 anos, em referência à proposta de Trump de transformar o território palestino na "Riviera do Oriente Médio".
Outros expressaram um otimismo cauteloso. "Esperamos que o plano de Trump tenha sucesso. Queremos que a guerra e os massacres terminem... o Exército destruiu tudo em Gaza, está inabitável", disse Hossam Abd Rab, 55 anos.
A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel, que matou 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
A ofensiva de Israel matou mais de 66.000 palestinos, também em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde no território governado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

