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Governo do Líbano aprova plano para desarmar o Hezbollah

O governo manterá a confidencialidade sobre os detalhes do plano e as deliberações que tomou

Isabel Alvarez

Publicado: 05/09/2025 às 20:43

Apoiadores do Hezbollah libanês agitam bandeiras durante um protesto em frente à Embaixada do Irã, nos subúrbios ao sul de Beirute, para celebrar um cessar-fogo entre Israel e o Irã, em 25 de junho de 2025. O principal órgão de segurança do Irã afirmou, em 24 de junho, que as forças da República Islâmica

Apoiadores do Hezbollah libanês agitam bandeiras durante um protesto em frente à Embaixada do Irã, nos subúrbios ao sul de Beirute, para celebrar um cessar-fogo entre Israel e o Irã, em 25 de junho de 2025. O principal órgão de segurança do Irã afirmou, em 24 de junho, que as forças da República Islâmica "obrigaram" Israel a cessar fogo "unilateralmente", acrescentando que permaneciam "em alerta máximo" para responder a "qualquer ato de agressão". (Foto de Haitham MOUSSAWI / AFP) ( AFP)

O ministro da Informação do Líbano, Paul Morcos, declarou que o governo aprovou nesta sexta-feira (5) que o Exército libanês comece a implementar o seu plano para desarmar o grupo xiita Hezbollah.

“O Conselho de Ministros libanês acolheu com satisfação o plano apresentado pelo Exército sobre a limitação de armas às autoridades legítimas", afirmou o ministro.

Já a sessão de hoje do governo foi marcada pela saída da reunião dos cinco ministros do Hezbollah e dos aliados integrantes do Movimento Amal, que é o maior partido predominantemente xiita no parlamento, após a chegada do comandante do Exército para apresentar o seu roteiro das medidas adotadas.
Morcos ainda salientou que o Exército libanês irá efetuar o plano dentro dos limites dos recursos disponíveis, que são limitados em termos de logística, equipamento e pessoal. “O Exército vai trabalhar dentro da estrutura decidida pelo Conselho de Ministros há um mês, quando estabeleceu o final deste ano como data limite para a conclusão do processo de desarmamento”, disse Morcos.

O governo também manterá a confidencialidade sobre os detalhes do plano e as deliberações que tomou e pediu ao comandante das forças armadas, Rodolphe Haykal, que apresente um relatório mensal sobre a sua execução. “Mas, o lançamento do processo de desarmamento deve ser acompanhado por outras medidas paralelas, incluindo a interrupção dos ataques israelenses contra o território libanês”, apontou o chefe militar.

Haykal foi encarregado de apresentar hoje aos membros governamentais um roteiro do desarmamento do Hezbollah, após a aprovação há cerca de um mês desta decisão, tomada sob pressão dos Estados Unidos. Sob forte crise econômica, o enfraquecido Exército do Líbano se manteve nos últimos cinco anos devido, principalmente, a contribuição dos EUA e do Catar. A comunidade internacional também tem considerado formas adicionais de apoio às autoridades de Beirute, para que possa expandir a soberania estatal em todo o território, ameaçada pela influência paralela do Hezbollah.

O Hezbollah rejeitou a proposta de plano dos Estados Unidos para o seu desarmamento assim como a iniciativa libanesa, considerando que servem aos interesses de Israel e que minam as capacidades defensivas do Líbano enquanto o país continua a ser alvo de repetidos ataques israelenses.

Apesar do cessar-fogo acordado pelos dois países em novembro passado, Tel Aviv continua a bombardear alegados alvos do Hezbollah no sul do Líbano quase diariamente e mantém as suas tropas em cinco posições na região. O grupo libanês exige pelo seu lado o fim destas violações antes de iniciar o diálogo.
Desde o cessar-fogo em vigor o Estado libanês busca concentrar todo o armamento do país nas mãos das forças de segurança oficiais, num processo inicialmente voluntário. Ao mesmo tempo, o Exército foi destacado para o sul do país, numa zona de influência do Hezbollah e junto da fronteira com Israel, em apoio à missão de paz das Nações Unidas (FINUL) que terminará o seu mandato em 2026, após quase cinco décadas na região.

Por sua vez, o Irã é considerado o principal financiador do Hezbollah, tendo alegadamente estado a frente na origem da criação do grupo xiita, e de equipá-lo com armamento durante décadas. Junto com o Hamas e os Houthis do Iêmen, o Hezbollah constitui o chamado eixo da resistência apoiado por Teerã, e que se envolveu em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Depois de quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira entre Israel e Líbano, as forças israelenses lançou uma forte campanha aérea em 2024, que desmantelou a liderança do movimento xiita, incluindo o seu líder histórico, Hassan Nasrallah, além de inúmeros outros altos membros da sua hierarquia política e militar.

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