Especialistas da ONU pedem reunião de emergência para pressionar Israel
O grupo exigiu o fim da ocupação israelense
Publicado: 05/09/2025 às 16:40

Faixa de Gaza ( AFP)
Mais de 40 especialistas em direitos humanos e relatores da Organização das Nações Unidas pediram hoje que a Assembleia-Geral da ONU se reúna de emergência devido ao genocídio e à fome deliberada em Gaza. O grupo exigiu o fim da ocupação israelense.
Os especialistas também enfatizaram que o dia 17 de setembro marcará o prazo estabelecido por uma resolução da Assembleia-Geral, que há um ano apelou ao governo de Israel que cessasse, num tempo determinado de 12 meses, a sua presença ilegal nos territórios palestinos ocupados.
"Israel deve pôr fim imediato à obstrução à assistência humanitária segura, eficaz e digna, mas a suspensão dessas restrições não será suficiente para salvar a população devastada de Gaza. O que é urgentemente necessário é o fim do cerco israelense e a declaração de um cessar-fogo imediato", diz o comunicado em conjunto dos especialistas.
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também avisou que a fome declarada em Gaza não tornará Israel mais seguro nem facilitará a libertação de reféns. O chefe da OMS apelou a Tel Aviv para travar a catástrofe, em referência, em especial, as mortes provocadas pela fome. "O mais intolerável sobre este desastre causado pelo Homem é que poderia parar agora mesmo. Esta é uma catástrofe que Israel poderia ter evitado e impedir a qualquer momento. As pessoas estão morrendo de fome enquanto a comida que poderia salvá-las permanece em caminhões a uma curta distância. E quando a fome chega, a doença também chega", lamentou Tedros.
O diretor ainda salientou que usar a fome como arma contra a população civil é um crime de guerra que nunca poderá ser tolerado e advertiu que a sua utilização no enclave palestino estabelece um precedente perigoso para futuros conflitos.
Operação na Cidade de Gaza avança
A Cidade de Gaza, região onde foi declarada situação de fome oficialmente pela ONU, os peritos da organização alertaram que cerca de meio milhão de pessoas estão num estado catastrófico, confirmando que a população vive uma inanição generalizada.
Por sua vez, as forças israelenses dizem que já controlam pelo menos 40% da cidade de Gaza e que a segunda fase da operação militar avança com ataques aéreos e ordens de evacuação em massa. O exército têm agora como principal objetivo demolir o bairro Sheikh Radwan, um dos mais movimentados da cidade. Mas, assegura que emite avisos e que os ataques são minuciosos para reduzir o risco para os civis, ao mesmo tempo em que acusa novamente o Hamas de usar a população civil de Gaza como escudo humano.
Já as autoridades de Saúde de Gaza relataram que as forças israelenses mataram pelo menos 69 palestinianos, incluindo sete crianças, e feriram 422 em Gaza nas últimas 24 horas. O número total de vítimas da guerra subiu para 64.300 mortos e 162.005 feridos. Também apos um ataque aéreo massivo ter destruído um arranha-céus na manhã desta sexta-feira, as ordens de evacuação estão causando o caos em Gaza.
Além disso, o Hamas divulgou um video que mostra um refém num carro percorrendo as ruas entre edifícios destruídos, pedindo em hebraico ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que não realize a planejada ofensiva militar contra a cidade de Gaza. Ao final da gravação, o refém se encontra com outro sequestado, afirmando estar em Gaza e que a filmagem foi feita no dia 28 de agosto de 2025.
De acordo com o jornal israelense Haaretz, o Exército alertou as famílias dos reféns que, em plena campanha militar para ocupar a Cidade de Gaza, o Hamas vai aumentar o "terrorismo psicológico" publicando mais vídeos para pressionar o governo de Tel Aviv. Mesmo assim os familiares se mobilizam em Israel em manifestações e protestos contra o primeiro-ministro e o seu gabinete de segurança, exigindo um cessar-fogo imediato.
Entretanto, o Exército apontou que ofensiva contra a Cidade de Gaza também aumenta a probabilidade de os reféns serem feridos ou mortos", acrescentou a mídia.

