Netanyahu acusa de antissemitismo os líderes que vão reconhecer o Estado Palestino
O premiê israelense também acusou o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, de "ter traído" Israel após declarar que reconhecerá um Estado palestino na Assembleia das Nações Unidas
Publicado: 19/08/2025 às 18:53

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel (Foto: AFP)
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou em uma carta oficial enviada ao presidente da França, Emmanuel Macron, de alimentar o fogo antissemita no país por apelar ao reconhecimento internacional do Estado da Palestina.
"Estou preocupado com o crescimento alarmante do antissemitismo na França e com a falta de ação decisiva do seu Governo para combatê-lo. Nos últimos anos, o antissemitismo tem devastado as cidades francesas. Desde as suas declarações públicas de ataque a Israel e de reconhecimento de um Estado palestino, o antissemitismo aumentou. Apelo para que substitua a fraqueza pela ação, o apaziguamento pela vontade, e que o faça antes de uma data clara: o novo ano judaico, 23 de setembro de 2025”, relatou Netanyahu.
O premiê israelense também acusou hoje o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, de "ter traído" Israel após declarar que reconhecerá um Estado palestino na Assembleia das Nações Unidas que ocorrerá em setembro, uma iniciativa semelhante à de países como França e Reino Unido. "A história lembrará Albanese pelo que ele é: um político fraco que traiu Israel e abandonou os judeus australianos", escreveu na rede social X.
Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, anunciou o cancelamento dos vistos dos diplomatas australianos junto da Autoridade Palestina, cuja representação fica na Cisjordânia, em Ramallah. Também ordenou à Embaixada de Israel em Camberra para que fosse cuidadosamente examinado qualquer pedido oficial de visto de representantes australianos. "Recentemente, foi enviada uma notificação a cuidados de qualquer pedido de visto australiano para entrar em Israel. Isto surge na sequência da decisão da Austrália de reconhecer um Estado palestino e da recusa injustificada de conceder vistos a vários políticos israelenses, entre os quais, a ex-ministra da Justiça Eilat Shaked e o presidente da Comissão de Constituição, Direito e Justiça do Parlamento, o deputado Simcha Rotman", disse Saar.
O ministro ainda indicou que o antissemitismo assola a Austrália, incluindo manifestações de violência contra judeus e instituições judaicas e que esse ódio é alimentado pelo governo australiano.
Por outro lado, a Austrália condenou a revogação de vistos dos seus representantes na Palestina. A chanceler australiana, Penny Wong, avaliou como injustificada a reação e decisão de Tel Aviv. “Num momento em que o diálogo e a diplomacia são mais necessários do que nunca, o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está isolando Israel e mina os esforços internacionais pela paz e por uma solução de dois Estados”, afirmou Wong, acrescentando que se compromete a continuar a trabalhar com os seus parceiros internacionais para promover uma solução de dois Estados, alcançar o cessar-fogo na Faixa de Gaza e conseguir a libertação dos reféns.
O governo de Camberra já expressou em diversas situações a preocupação com a divisão criada na sociedade australiana devido a guerra em Gaza, e criou mesmo dois cargos especiais para combater o crescente antissemitismo e a islamofobia no país.

