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Agência Internacional de Energia Atômica

Irã suspende cooperação com a agência atômica da ONU

Autoridades do Irã criticaram duramente a AIEA pelo que chamam de "silêncio" diante dos ataques às suas instalações nucleares

Ester Marques

Publicado: 02/07/2025 às 08:50

Esta imagem divulgada pelo gabinete do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, em 26 de junho de 2025, mostra-o discursando à nação diante de um retrato de seu antecessor, o falecido fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini. Khamenei ameaçou, em uma mensagem de vídeo transmitida pela TV nacional em 26 de junho, realizar mais ataques contra bases americanas na região caso o Irã sofresse outro ataque dos Estados Unidos. (Foto de KHAMENEI.IR / AFP) / AFP

Esta imagem divulgada pelo gabinete do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, em 26 de junho de 2025, mostra-o discursando à nação diante de um retrato de seu antecessor, o falecido fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini. Khamenei ameaçou, em uma mensagem de vídeo transmitida pela TV nacional em 26 de junho, realizar mais ataques contra bases americanas na região caso o Irã sofresse outro ataque dos Estados Unidos. (Foto de KHAMENEI.IR / AFP) ( AFP)

O Irã suspendeu sua cooperação com a agência de energia atômica da ONU nesta quarta-feira(2), intensificando as tensões após a recente guerra com Israel.

O conflito de 12 dias, iniciado em 13 de junho com bombardeios israelenses, abalou ainda mais a relação entre Teerã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Em 25 de junho, um dia após o cessar-fogo anunciado pelos Estados Unidos, o legislativo iraniano aprovou um projeto de lei suspendendo a cooperação com a AIEA.

O projeto foi aprovado em seguida pelo Conselho dos Guardiões, responsável pela revisão das leis, e foi ratificado nesta quarta-feira pelo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.

"Masoud Pezeshkian assinou a lei que suspende a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica", informou a televisão estatal.

Autoridades iranianas criticaram duramente a AIEA pelo que chamam de "silêncio" diante dos ataques israelenses e americanos às suas instalações nucleares.

Teerã também a criticou por uma resolução adotada em 12 de junho, véspera das hostilidades israelenses, que acusava o Irã de violar suas obrigações nucleares.

Segundo o Irã, essa resolução serviu como "desculpa" para os bombardeios israelenses.

O país rejeitou um pedido do chefe da AIEA, o argentino Rafael Grossi, para visitar as instalações nucleares bombardeadas.

O jornal iraniano ultraconservador Kayhan noticiou recentemente que existem supostos documentos comprovando que Grossi é um espião israelense e deveria ser executado.


"Más intenções"

O Irã afirmou que o pedido de Grossi para visitar os locais bombardeados reflete suas "más intenções", embora insista que não há ameaças contra ele ou os inspetores da agência.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmaeil Baqaei, disse que a suspensão da cooperação com a AIEA reflete a "preocupação e a raiva do público iraniano".

A guerra de 12 dias começou quando Israel lançou uma campanha de bombardeios contra o Irã que matou comandantes militares de alto escalão e cientistas nucleares, à qual Teerã respondeu com salvas de mísseis e drones contra Israel.

Os Estados Unidos, aliados de Israel, bombardearam as instalações nucleares do Irã em Fordo, Isfahan e Natanz em 22 de junho.

A guerra deixou mais de 900 mortos no Irã, segundo o Poder Judiciário, enquanto 28 pessoas morreram em Israel, segundo autoridades israelenses.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que as três instalações nucleares do Irã foram "totalmente destruídas" pelos bombardeios, mas a extensão dos danos não está clara.

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