° / °

Mundo
GUERRA

Europeus exigem que Israel suspenda bloqueio de ajuda a Gaza

Membros europeus do Conselho de Segurança da ONU exigiram que Israel suspenda imediatamente o bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza

Isabel Alvarez

Publicado: 14/05/2025 às 11:56

Palestinos se apressam para obter comida quente de uma cozinha de caridade instalada no campus da Universidade Islâmica na Cidade de Gaza/Omar AL-QATTAA/AFP

Palestinos se apressam para obter comida quente de uma cozinha de caridade instalada no campus da Universidade Islâmica na Cidade de Gaza/Omar AL-QATTAA/AFP

O Reino Unido, Dinamarca, França, Grécia e a Eslovênia, membros europeus do Conselho de Segurança da ONU, exigiram que Israel suspenda imediatamente o bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e consideraram inadmissível qualquer tentativa de anexar o enclave.

“Os cinco Estados constataram que Israel bloqueia totalmente a entrada de ajuda em Gaza há mais de dois meses. Temos duas mensagens claras para o Governo de Israel: suspenda já o bloqueio à entrada de ajuda em Gaza e permita que a ONU e todos os agentes humanitários salvem vidas", diz o comunicado conjunto lido pela embaixadora britânica Barbara Woodward, destacando que travar auxílio como alavanca de pressão é inaceitável.

O presidente francês Emmanuel Macron afirmou que o que o governo de Benjamin Netanyahu está fazendo hoje no enclave palestino é inaceitável. "É uma vergonha. Não há água, não há medicamentos, não se consegue retirar os feridos. Fui um dos únicos dirigentes políticos a ir à fronteira entre o Egito e Gaza e foi uma das piores coisas que já vi na vida", frisou, defendendo que o trabalho do primeiro-ministro israelense era realizar tudo o que fosse possível para impedir uma tragédia humanitária.

Questionado sobre um genocídio em Gaza, Macron disse que não cabe a um responsável político, a um presidente da República usar esse tipo de termo, caberá aos historiadores dizer isso no momento oportuno”, pontuou. Enquanto isso, a questão da revisão dos acordos de cooperação entre a União Europeia e Tel Aviv está em aberto, um pedido feito pelo governo holandês que classifica o bloqueio como catastrófico à população de Gaza.

O chefe humanitário das Nações Unidas também acusou Israel de impor “deliberada e descaradamente condições desumanas aos civis no território palestino ocupado e questionou sobre os membros da ONU sobre o papel que desempenharam para "evitar o genocídio". Num dos mais duros discursos sobre a guerra em Gaza feitos diante do Conselho de Segurança, Tom Fletcher apelou à consciência da comunidade internacional. “Peço ao corpo diplomático que reflita sobre as medidas que cada um tomou para travar esta atrocidade do século XXI a que assistimos diariamente em Gaza. É uma pergunta que ouviremos, ora incrédulos, ora furiosos, mas sempre presentes, para o resto da vida. Certamente que todos afirmaremos ter sido contra? Talvez digamos que emitimos uma declaração? Ou que confiávamos que a pressão privada pudesse funcionar, apesar de tantas evidências em contrário? Ou fingiremos que achávamos que uma ofensiva militar mais brutal teria mais hipóteses de trazer os reféns de volta do que as negociações? Talvez nos lembremos que, num mundo transacional, tínhamos outras prioridades. Ou talvez usemos aquelas palavras vazias: Fizemos tudo o que podíamos", declarou.

No relatório das Nações Unidas divulgado nesta semana estima-se que meio milhão de pessoas entrou naquilo que classifica como nível catastrófico de fome.

Já o ministro das Relações Exteriores saudita ressaltou que sem um cessar fogo, será difícil fornecer ajuda a Gaza e defendeu ser necessário alcançar uma trégua o mais rapidamente possível. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoan, apontou que confia no apoio de Donald Trump para pôr fim à tragédia humanitária em Gaza.

Uma vez que está previsto também que um grupo de negociadores dos Estados Unidos, que conta com os enviados especiais norte-americanos, Steve Witkoff e Adam Boehler, se reunirá com uma delegação israelense para conversações sobre um cessar-fogo e a situação dos reféns em Gaza ainda essa semana.

Mais de Mundo