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Custos e instabilidades: Sport acumula dez técnicos sob gestão de Yuri Romão

Três trocas de treinadores em 2025 expõem falhas e criam folha paralela milionária que impacta no planejamento

Gabriel Farias

Publicado: 29/10/2025 às 21:11

Presidente Yuri Romão e Daniel Paulista, que deixou o comando técnico do Sport/Paulo Paiva/Sport Recife

Presidente Yuri Romão e Daniel Paulista, que deixou o comando técnico do Sport (Paulo Paiva/Sport Recife)

O Sport vai encerrando a temporada de 2025 com instabilidade no comando técnico, uma das marcas mais preocupantes da gestão de Yuri Romão. Em dois anos, cinco treinadores passaram pela equipe rubro-negra: Pepa, António Oliveira, Daniel Paulista, Guto Ferreira e Mariano Soso. E mais que a falta de continuidade, o clube acumula agora uma pesada folha paralela em função das rescisões contratuais e multas milionárias.

As saídas em sequência de Pepa, António Oliveira e Daniel Paulista neste ano deixaram cicatrizes financeiras e escancararam o desequilíbrio do planejamento rubro-negro. As demissões antecipadas de Pepa e António, em especial, custaram caro aos cofres leoninos. Com o segundo, o Sport firmou um acordo parcelado para diluir o pagamento — cerca de R$ 2,7 milhões referentes aos seis meses de contrato que restavam.

Antes, com o argentino Mariano Soso, o clube optou por quitar integralmente o valor previsto em contrato, de aproximadamente R$ 1 milhão, sem negociação. Já com Daniel Paulista, que deixou oficialmente o cargo na terça-feira (28), o compromisso é o pagamento dos salários de novembro, tanto dele quanto de sua comissão técnica.

Com a iminência do rebaixamento à Série B, o impacto dessas despesas paralelas preocupa a direção, que já admite antecipar o planejamento de 2026, inclusive com a busca por um novo treinador. 

Com a saída de Daniel Paulista, o clube volta a recorrer ao interino César Lucena, velho conhecido da torcida e presença constante nos momentos de transição. Ele assume o time nas últimas nove rodadas do Brasileirão com a missão milagrosa de evitar o rebaixamento.

Uma gestão marcada por trocas

A alta rotatividade no comando técnico não é um fenômeno recente. Desde que Yuri Romão passou a integrar o comitê gestor do clube, ainda em 2021, o Sport contou com dez treinadores diferentes (António Oliveira, Claudinei Oliveira, Daniel Paulista, Enderson Moreira, Gilmar Dal Pozzo, Gustavo Florentín, Guto Ferreira, Lisca, Mariano Soso e Pepa).

Yuri chegou assumindo a vice-presidência ao lado de Leonardo Lopes, eleito presidente. Pouco depois, com o afastamento de Lopes por motivos de saúde, Romão passou a responder interinamente pelo cargo e, em 2022, foi efetivado na presidência.

Eleito com 96,5% dos votos para o biênio 2023-2024, Yuri Romão iniciou de forma oficial sua trajetória como mandatário rubro-negro com a promessa de estabilidade e profissionalismo. Após o acesso à Série A, em 2024, foi reeleito e anunciou, no mesmo dia, a renovação de Pepa até dezembro de 2025, um gesto que simbolizava a continuidade de um projeto. No entanto, o que parecia o primeiro passo de um novo ciclo acabou se transformando em um retrato do improviso.

De Pepa a Daniel Paulista: um 2025 sem identidade

O início da temporada 2025 ficou sob o comando de Pepa, técnico português responsável pela montagem de boa parte do elenco. Em campo, o time mostrava pouco poder ofensivo, trocas constantes e nenhuma identidade. A campanha irregular durou até a 7ª rodada da Série A, quando o treinador foi demitido.

Na sequência, o também português António Oliveira foi anunciado, mas a passagem foi ainda mais curta: apenas 26 dias e quatro partidas, um dos períodos mais breves da história recente do clube, superando somente Lisca, que ficou por três semanas em 2022.

Com a demissão de António, o Sport apostou em Daniel Paulista como alternativa doméstica, buscando resgatar a identidade e a confiança do elenco. Mas o efeito não veio. Em 19 jogos, foram apenas duas vitórias, nove empates e oito derrotas. O treinador, que já havia trabalhado no clube em 2021, encerrou a passagem na mesma toada de frustrações que marcou o ano leonino.

Enderson Moreira, o mais longevo

Nos últimos anos, o único nome a conseguir alguma longevidade na gestão de Yuri Romão foi Enderson Moreira, que comandou o Sport em 67 jogos, com 39 vitórias, 16 empates e 12 derrotas. Apesar de críticas da torcida e pedidos por sua saída, Enderson foi o técnico com o maior tempo no cargo.

Técnicos do Sport na 'Era Yuri Romão'

Gustavo Florentín – 31 jogos (10V, 8E, 13D)

Gilmar Dal Pozzo – 21 jogos (8V, 9E, 4D)

Lisca – 4 jogos (1V, 3E)

Claudinei Oliveira – 18 jogos (9V, 3E, 6D)

Enderson Moreira – 67 jogos  (39V, 16E, 12D)

Mariano Soso – 41 jogos (22V, 10E, 9D)

Guto Ferreira – 5 jogos (1V, 1E, 3D)

Pepa – 41 jogos (21V, 7E, 13D)

António Oliveira – 4 jogos (1E, 3D)

Daniel Paulista – 19 jogos (2V, 9E, 8D)

 

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