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Economia
Tarifaço

Produtores de Pernambuco esperam isenção da tarifa de 50%

Exportações de cana-de-açúcar e manga e uvas de Pernambuco continuam sobretaxadas pelo tarifaço

Thatiany Lucena

Publicado: 02/08/2025 às 00:20

Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE/Foto: Divulgação

Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE (Foto: Divulgação)

Com a proximidade da nova data para entrar em vigor (6 de agosto), os setores da cana-de-açúcar e da fruticultura do Vale do São Francisco demonstram expectativa positiva sobre uma possível isenção desses produtos da tarifa de 50% nas exportações aos Estados Unidos.

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, destaca que a retirada de quase 700 produtos brasileiros do tarifaço é um efeito positivo do diálogo entre representantes dos países. Recentemente, senadores brasileiros visitaram a Câmara do Comércio e o Senado americano. “Eles criaram sensibilidades positivas, mostrando a necessidade de um entendimento e efeitos já são positivos porque já começaram as exceções para alguns produtos, como suco de laranja, castanha e minérios”.

Renato Cunha aponta também a chance de novos produtos serem isentos do tarifaço. “O vice-presidente da república, Geraldo Alckmin e o ministro das relações exteriores, Mauro Vieira, têm trabalhado muito. Acredito que há uma chance de se incluir mais alguns produtos, principalmente produtos de segurança alimentar. Qualquer país preza por sua segurança alimentar”, ressalta.

Segundo o presidente do Sindaçúcar, o tarifaço de 50% pode gerar um prejuízo de R$ 1 bilhão para o Nordeste, o equivalente a exportação de 200 mil toneladas. A cota pernambucana dentro desse conjunto é de 30%. “Isso representa mais de R$ 300 milhões de diminuição de faturamento, que pode ocorrer para para Pernambuco”, disse.

Linha de crédito emergencial

Ele confirma também que o governo de Pernambuco já solicitou do Governo Federal apoio para disponibilizar linhas de crédito aos produtores afetados. “Ainda não sabemos a formatação de como isso vai ser, mas a governadora vai ter essa notícia na terça-feira (5), porque outros governadores do Nordeste irão também com ela”, disse.

Nesta data, a governadora do estado se reunirá com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Segundo ele, esse apoio é fundamental para o setor continuar mantendo e gerando empregos e investimentos.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto, a expectativa do setor em relação às negociações para a redução das tarifas de exportação aos EUA no setor de fruticultura da região é positiva.

“Nós estamos confiantes que o setor possa resolver, com o apoio também do governo. Estamos direcionando para outros mercados, o mercado interno principalmente e confiando em uma solução. Há três dias nós vimos que os Estados Unidos criaram umas isenções e diminuíram as tarifas para outros produtos. Nós estamos trabalhando para que isso ocorra também com as frutas”, destaca.

Em 2024, de acordo com dados da Abrafrutas, o Vale do São Francisco exportou 36.8 mil toneladas de manga para os Estados Unidos, faturando US$ 45.8 milhões (R$ 254 milhões na cotação atual). O tarifaço se inicia na mesma época que o ciclo de exportações da fruta e preocupa o setor. De acordo com Gualberto ainda não é possível dimensionar o prejuízo, mas o setor está tentando redirecionar os produtos para outros mercados, inclusive o interno.

Sobre a possibilidade do lançamento de uma linha emergencial para auxiliar os setor, o presidente da Valexport avalia a medida como importante e faz um paralelo com a pandemia. “Temos até uma certa experiência em enfrentar esse tipo de crise, que foi quando enfrentamos a Covid-19, que foi uma situação bem pior, quando houve uma crise sanitária internacional. Nós confiamos que o governo tenha essa sensibilidade e esteja do nosso lado. Queremos preservar a continuidade das nossas empresas, dos pomares e dos trabalhadores. É muito importante que não haja demissões”, reforça.

 

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