Governadores avaliam medidas contra impacto aos produtores afetados pelo tarifaço
Tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros deve entrar em vigor no dia 1º de agosto
Publicado: 24/07/2025 às 21:27

As alternativas levantadas pela governadora foram discutidas na última quarta-feira (24), durante reunião com representantes dos setores (Fotos: Janaína Pepeu/Secom)
Diante da proximidade das taxas de 50% impostas pelos EUA ao Brasil, prevista para iniciarem em 1º de agosto, alguns governadores do país já avaliam a possibilidade de adotar medidas em apoio aos produtores locais. De acordo com informações apuradas pelo Diario, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, deve lançar um pacote de medidas que inclui: uma linha de crédito voltada aos empresários afetados pelas perdas na exportação, a compra de parte da produção de frutas do Sertão para incorporá-las na merenda escolar e o uso apenas de etanol para abastecer os veículos da frota estadual.
As alternativas levantadas pela governadora foram discutidas na última quarta-feira (23), durante reunião com representantes dos setores. Em conversa com a reportagem, o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, confirmou que foram debatidas a compra das frutas para a merenda e o uso do etanol na frota.
De acordo com Cunha, ainda não foram definidos mais detalhes sobre como e quando as medidas devem ser realizadas, pois deve-se aguardar que as taxas passem a vigorar. Segundo dados do Sindaçúcar, com o tarifaço, o Nordeste pode perder cerca de 220 milhões de dólares, quase R$ 1 bilhão, referente à exportação de cerca de 220 mil toneladas de açúcar entre outubro de 2025 a setembro de 2026. Segundo ele, o estado detém cerca de 30% da cota regional, dependendo de cada safra.
Cunha explica ainda que o açúcar e etanol estão intrinsecamente ligados. “As usinas, elas têm um mix de produção e podem destinar uma porcentagem para o etanol ou para açúcar, por exemplo, 52% para etanol e 48% de açúcar”.
Cunha vê com entusiasmo a possibilidade do incentivo ao uso do etanol no estado. “É um desdobramento da lei já existente, mas é uma adoção de medida da própria governadora, que tem essa sensibilidade na questão de incentivar o uso dos combustíveis limpos”, disse.
Produção de frutas
A região do Vale do São Francisco é responsável por 90% da manga e uva exportada para os EUA. De acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), 2,5 mil contêineres com 36,8 mil toneladas de manga estão parados, o que representa US$ 48 milhões de dólares (ou R$ 256,19, na cotação atual).
De acordo com dados da Associação, em 2024, Pernambuco exportou 4.553 toneladas de manga para os EUA, representando o total de US$ 5,5 milhões de dólares.
Outros estados
Além de Pernambuco, outros estados também estão em busca de soluções para amenizar os possíveis prejuízos das tarifas. Em São Paulo, Tarcísio de Freitas chegou a anunciar uma linha de crédito de R$ 200 milhões, com juros subsidiados, para empresas exportadoras afetadas. Ele também autorizou a liberação de créditos acumulados de ICMS.
Em Goiás, Ronaldo Caiado, anunciou uma linha de crédito aos exportadores goianos, com taxas abaixo de 10% ao ano, lastreada em recursos de ICMS. Essa medida exige ainda que as empresas beneficiadas mantenham os empregos.
O governador do Paraná, Ratinho Júnior, determinou que a Secretaria da Fazenda do estado ouça os setores mais expostos ao mercado norte-americano para planejar estratégias que compensem possíveis prejuízos provocados pelas tarifas. No estado, essas produções são de madeira, café, suco de laranja e agropecuária. O Paraná exporta, em média, US$ 1,5 bilhão por ano para os EUA.
Já no Rio de Janeiro, foi criado um grupo de trabalho para avaliar os impactos e criar estratégias como a linha de crédito e incentivo à ampliação de mercados. No estado, os setores que poderão ser mais afetados são os do aço, petróleo, máquinas e equipamentos e pescado.
* Com informações do Correio Braziliense

