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Economia
Tarifas dos EUA

Tarifaço pode tirar R$ 175 bi da economia e 1,3 milhão de empregos do Brasil

Estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais estima retração de 1,49% do PIB e perda de 1,3 milhão de empregos por conta do tarifaço

Correio Braziliense

Publicado: 23/07/2025 às 07:35

A mineração é uma das atividades com forte exportação para os Estados Unidos e que devem ser prejudicadas com a taxação de 50%/Crédito: Vale/Divulgação

A mineração é uma das atividades com forte exportação para os Estados Unidos e que devem ser prejudicadas com a taxação de 50% (Crédito: Vale/Divulgação)

A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelos Estados Unidos deve custar até R$ 175 bilhões ao Brasil, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Um estudo da entidade projeta retração de 1,49% no Produto Interno Bruto (PIB) e perda de mais de 1,3 milhão de empregos, caso a medida, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, seja mantida.

Em um cenário hipotético de retaliação, no qual o Brasil imponha uma tarifa equivalente de 50% sobre as importações dos Estados Unidos, o impacto econômico seria ainda mais severo. A estimativa é de uma queda de R$ 259 bilhões no PIB brasileiro (2,21%), com a eliminação de cerca de 1,9 milhão de empregos, redução de R$ 36,18 bilhões na massa salarial e perda de R$ 7,21 bilhões em arrecadação tributária.

Os EUA são atualmente o segundo principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. Em 2024, o Brasil exportou aproximadamente US$ 40,4 bilhões para o mercado americano — o equivalente a 1,8% do PIB nacional. Os principais itens exportados incluem combustíveis minerais, ferro e aço, máquinas e equipamentos mecânicos, aeronaves e café.

"Os Estados Unidos são um parceiro tradicional do Brasil. Do ponto de vista geográfico, faz todo sentido que nossas economias mantenham um fluxo de comércio ativo e complementar e, no nosso entendimento, ambos os países perdem muito com a medida", destacou o presidente da entidade, Flávio Roscoe.

A federação considera que o governo brasileiro deve atuar com firmeza, mas por meio do diálogo diplomático, para evitar a aplicação das tarifas, proteger os empregos e salvaguardar a competitividade da indústria nacional. "Responder com a mesma moeda pode gerar efeitos inflacionários no Brasil, por isso, o caminho mais inteligente é a diplomacia", alertou Roscoe.

Setores vulneráveis

Setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio, a siderurgia e a indústria de transformação, estão entre os mais vulneráveis, por dependerem fortemente das exportações. Responsáveis por sustentar cadeias produtivas inteiras e por gerar milhões de empregos, esses segmentos podem sofrer retrações que não só afetariam a produção, mas também agravariam o desemprego em várias regiões do país.

Para as empresas que atuam nessas áreas, o cenário se tornaria ainda mais desafiador, com aumento de custos, perda de competitividade no mercado internacional e risco crescente de cancelamento de contratos e parcerias no exterior.

Theo Braga, CEO da SME The New Economy, destaca que o impacto sobre o PIB brasileiro pode alcançar cifras bilionárias, com efeitos que vão muito além da queda nas exportações. O cenário, de acordo com ele, escancara a vulnerabilidade da economia nacional frente a choques externos. "Retaliações comerciais podem soar como respostas firmes, mas geralmente geram mais incertezas do que resultados práticos, especialmente para quem empreende ou tenta crescer em um ambiente já instável", alerta.

Além disso, segundo ele, a instabilidade provocada por disputas tarifárias tende a reduzir o apetite por investimentos e estreitar ainda mais o acesso ao crédito, já pressionado pelos juros elevados no Brasil. No fim das contas, Braga afirma que o impacto recai sobre o consumidor.

O aumento das tarifas eleva o custo dos insumos e reduz a oferta de produtos, pressionando a inflação e comprometendo o poder de compra das famílias. "O consumidor sente os efeitos por meio da inflação de custos, da retração do mercado e da alta do desemprego, sobretudo em setores que demandam muita mão de obra", explica.

As informações são do Correio Braziliense.

 

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