Tarifaço de Trump deve frear crescimento dos Estados Unidos e aumentar a inflação
Barreiras comerciais de Trump deve trazer consequências como a alta dos preços ao consumidor dos Estados Unidos
Publicado: 19/07/2025 às 00:14

De acordo com dados recentes de um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o PIB americano pode cair 0,37%, a partir das barreiras tarifárias impostas ao Brasil, China e 14 outros países (Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)
O tarifaço imposto por Donald Trump, previsto para entrar em vigor a partir de 1º de agosto, deve afetar a economia dos Estados Unidos e contribuir para a redução da geração de empregos no país, de acordo com o economista, doutor em Economia e professor da FIA Business School, Paulo Feldmann.
Segundo Feldmann, a tendência é que a situação econômica dos EUA fique ainda mais complicada com o tarifaço, inclusive com a alta dos preços ao consumidor norte-americano. “Há uma previsão de inflação para os Estados Unidos que vai acontecer neste segundo semestre. Ela poderá chegar a 10% ao ano nesses próximos meses. O desemprego nos Estados Unidos ainda é baixo, mas está crescendo. Então, a economia americana terá problemas cada vez mais graves nos próximos meses”, afirma.
De acordo com dados recentes de um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o PIB americano pode cair 0,37%, a partir das barreiras tarifárias impostas ao Brasil, China e 14 outros países, além das taxas impostas à importação de automóveis e aço de qualquer lugar.
Ele explica ainda que a estratégia de Trump de sobretaxar produtos importados vai contra os princípios da globalização. “Na cabeça de Trump, ele imagina que as empresas americanas devem fabricar aqueles produtos e criando empregos para os trabalhadores americanos. Isso é que está por trás do pensamento dele, só que está completamente errado”, aponta. O economista cita a automatização do trabalho como um dos principais desafios que também impedem a geração de emprego nos EUA.
Segundo ele, a globalização prova que existem países mais competentes que os outros na especialização e fabricação de determinados produtos.”A globalização ajudou a desenvolver boa parte dos países do mundo, porque é graças à ela que descobrimos onde era mais interessante comprar determinados produtos. Trump quer fazer o contrário, que tudo seja fabricado nos Estados Unidos e isso é impossível de acontecer”, disse.
Para Feldmann que, no final das contas, quem vai perder com essa situação são os EUA, já que as sobretaxas estão criando problemas com com vários países que eram aliados americanos e que agora estão se tornando inimigos.
Ele exemplifica o Brasil na produção agrícola, que além de ter custo de produção menor que os produzidos nos Estados Unidos, é o país mais produtivo do mundo no setor. “Os produtos agrícolas brasileiros como soja, milho, café e algodão fazem a festa nos EUA. O país produz isso também lá, mas é muito mais caro do que o feito aqui no Brasil e exportado para lá. No momento em que Trump coloca uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros eles não vão entrar mais lá. Então ele vai usar o produto americano, que é muito mais caro”, afirma o economista, destacando ainda que uma alternativa seria procurar outro país que tenha força na agricultura, mas na prática ele não existe.

