Vício é uma ferida que se tenta esconder, segundo especialista
De acordo com o médico Gabor Maté, o vício é um sintoma de traumas profundos
Publicado: 13/05/2025 às 10:13

Dependência de pílulas e cigarros/Foto: Freepik
Em vez de considerar o vício como uma falha de caráter ou um problema meramente químico, o médico húngaro Gabor Maté propõe uma virada fundamental: a dependência, afirma, é um sintoma de traumas profundos, não a doença em si. Especialista em medicina de família, Maté sustenta que a raiz do vício está na dor emocional não curada e não na substância usada.
Segundo ele, nenhum paciente dele jamais disse que usava drogas ou álcool apenas pelo prazer. Todos revelavam o mesmo motivo: escapar da dor. Assim, a pergunta não é porquê do vício, mas o porquê da dor. As experiências precoces de abandono, negligência ou abuso moldam a percepção que o indivíduo tem de si mesmo e do mundo. Diante disso, substâncias químicas ou comportamentos compulsivos se tornam uma forma de anestesia emocional.
A abordagem rompe com o estigma que cerca os dependentes. Em vez de criminalização ou culpabilização, ele propõe compaixão e escuta. Desta forma, a cura só é possível quando conseguimos acolher a dor que o outro tenta esconder. Isso inclui um trabalho terapêutico voltado à reconexão emocional e à construção de vínculos seguros, muitas vezes pela primeira vez na vida da pessoa.
Maté também critica uma sociedade que, segundo ele, produz desconexão em massa. O vício, então, não seria apenas uma tragédia individual, mas um sintoma coletivo de um mundo que silencia a dor e desumaniza a vulnerabilidade.
Tratar o vício, portanto, exige mais do que abstinência: exige reconhecer a ferida que ele tenta esconder. E isso é um desafio tanto clínico quanto social.
Desigualdade salarial no Brasil: mulheres ainda ganham 20,9% a menos que homens
O mais recente Relatório de Transparência Salarial revelou um dado alarmante: no Brasil, as mulheres ganham em média 20,9% a menos que os homens. A disparidade é ainda mais grave quando se observa o recorte racial, pois mulheres negras recebem, em média, R$ 2.864,39, enquanto homens não negros ocupam o topo da pirâmide salarial.
Apesar dos avanços legislativos, como a Lei nº 14.611/2023, que exige igualdade salarial para funções iguais, a realidade do mercado de trabalho segue marcada por desigualdades estruturais que combinam machismo, racismo e desigualdade econômica.
As mulheres, mesmo com maior escolaridade em muitos casos, continuam sendo subvalorizadas, especialmente em cargos de liderança. A baixa remuneração impacta diretamente sua autonomia, qualidade de vida e capacidade de investir no futuro.
A equidade salarial não é apenas uma demanda por justiça, mas é uma urgência social e econômica. Nenhum país se desenvolve plenamente enquanto ignora o valor do trabalho feminino.
Câmara aprova aumento de pena para injúria racial contra mulheres e idosos
A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 5701/23, que agrava as penas para o crime de injúria racial quando a vítima for mulher ou idoso. A proposta, de autoria da deputada Silvye Alves (União-GO) e relatada por Daiana Santos (PCdoB-RS), altera a Lei 7.716/89 e prevê reclusão de dois a cinco anos, com acréscimo de um terço a dois terços se o crime for dirigido a esses grupos.
A medida representa um avanço na proteção de pessoas em situação de maior vulnerabilidade, reconhecendo que o racismo, quando atravessa recortes de gênero e idade, ganha contornos ainda mais cruéis e desumanizadores. Mulheres negras, especialmente, são frequentemente alvo de violências interseccionais que combinam racismo, machismo e etarismo.
A relatora do projeto citou dados de organismos internacionais que apontam as mulheres como principais vítimas desse tipo de agressão, muitas vezes naturalizada no cotidiano. A aprovação da proposta busca dar a esses crimes o peso que de fato possuem, fortalecendo o compromisso do Estado com a dignidade humana.
O texto agora segue para análise do Senado. A expectativa é de que se torne uma ferramenta mais eficaz no combate ao racismo e à violência simbólica.

