Influenciadoras são acusadas de fazer publi para esquema de tráfico humano
Publicidade de intercâmbio para a Rússia gera polêmica nas redes sociais e alerta sobre golpes envolvendo jovens
Publicado: 04/10/2025 às 11:24

MC Thammy, Isabella Duarte e Catherine Bascoy fizeram divulgação de suposto programa de tráfico humano (Foto: Reprodução)
Nos últimos dias, influenciadoras brasileiras promoveram publicidade nas redes sociais por meio da divulgação de um programa chamado Start Program, oferecendo oportunidades de trabalho na Rússia para mulheres de 18 a 22 anos, com salários de US$ 540 (R$ 2,9 mil) a US$ 680 (R$ 3,6 mil), além de benefícios como passagem aérea, moradia, seguro de saúde e cursos de capacitação.
O anúncio, focado em jovens mulheres entre 18 e 22 anos, foi feito por nomes como MC Thammy, Isabella Duarte, Zabetta Macarini, Catherine Bascoy e Aila Loures.
O programa divulgado como Start Program é, na realidade, Alabuga Start, uma agência com histórico internacional de exploração de mulheres, sem registro no Brasil, CNPJ ou telefone local. O site utilizado para divulgação apresentava conteúdo gerado por inteligência artificial (IA) e informações falsas, segundo apuração de criadores de conteúdo como Guga Figueiredo, conhecido como “Xerife da Internet”, e Jordana Vucetic.
Após as denúncias, todos os vídeos de publicidade foram apagados, e a conta da empresa no Instagram foi banida. De acordo com relatórios da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC), mulheres que aceitaram a proposta da empresa enfrentaram jornadas exaustivas, vigilância constante e problemas de saúde, sendo obrigadas a trabalhos em condições degradantes, incluindo produção de armamento e drones militares, serviços de limpeza e buffet.
As jovens recrutadas eram enganadas com promessas de crescimento profissional e cursos, mas acabavam em ambientes de exploração laboral severa, com riscos à saúde e à segurança.
O que se sabe sobre a Alabuga Start?
A empresa, localizada no Tartaristão, Rússia, já foi alvo de denúncias internacionais envolvendo mulheres de Uganda, Ruanda, Quênia, Sudão do Sul, Serra Leoa, Nigéria e Sri Lanka, que relataram falsas promessas de cursos e crescimento profissional. Ao chegar ao país, eram submetidas a condições degradantes e exploração laboral.
No Brasil, o modus operandi foi o mesmo: atrair jovens com promessas de intercâmbio e salários altos, usando influenciadoras digitais para dar credibilidade ao programa. Até o momento, não há registros de autorização legal para a operação no país.
As informações são do Estado de Minas.

